Ele já foi convidado até para ser vereador

O histórico batalhador e a ascensão profissional do popular coordenador de produção Clovis de Almeida, da fábrica de Teodoro Sampaio.

Em Teodoro Sampaio, o coordenador de produção da fábrica da Quatá, Clovis Pires de Almeida, de 51 anos, é uma pessoa popular. Isso se deve à sua personalidade carismática, aos trabalhos sociais que já realizou através da Igreja Evangélica da Paz e também à sua atuação como representante do sindicato dos trabalhadores de empresas de alimentos. Em anos de eleição municipal, como o atual, ele geralmente é convidado a se candidatar a vereador. “Este ano eu fui de novo”, ele conta. “Mas não penso em seguir carreira política. Gosto do meu trabalho e de ajudar as pessoas em ações voluntárias.”

Clovis batalhou muito na vida. O mais velho de seis irmãos, ele começou a trabalhar ainda na infância, ajudando o pai pescador. “Eu saía de manhã para pescar peixes pequenos que ele usava à noite para fisgar peixes grandes como pintado, dourado e jaú”, recorda. Também fazia bico de transporte de marmita para os funcionários de uma cerâmica do seu bairro.

A construção de duas usinas hidrelétricas na região –Taquaruçu e Porto Primavera – acabaria provocando o sumiço dos peixes, e aos 9 anos ele se viu obrigado a parar os estudos e a trabalhar em uma serraria para ajudar a trazer dinheiro para casa. “Trabalhava das sete horas da manhã às cinco da tarde cortando madeira”, lembra.

Aos 18 anos, arrumou emprego na Usina de Taquaruçu, e ali permaneceu como auxiliar de escritório e motorista durante nove anos. Quem primeiro entrou na Quatá foi sua mãe, que trabalhou como copeira por catorze anos. Por intermédio dela, ingressou na empresa aos 28 anos, como auxiliar de produção, e aos poucos foi tendo seu talento lapidado e reconhecido. Ao longo dos dezoito anos seguintes, passou por diferentes setores da fábrica, tornou-se líder de produção, depois supervisor e, quando achava que tinha chegado ao topo da carreira, há quatro anos, recebeu um novo convite: ser coordenador de produção. “É o cargo mais alto da fábrica, abaixo apenas do gerente”, ele explica.

Clovis com a filha Mayara e o neto Felipe

Clovis conta que teve dúvidas sobre a própria capacidade para encarar esse novo desafio. “Eu pensava que, por ter apenas completado o ensino médio, por supletivo, sem fazer faculdade, não tinha condições de ser coordenador”, justifica. Mas seu histórico de dedicação ao trabalho e a capacidade de liderança falaram mais alto e ele deu conta do recado.

Clovis tem duas lhas do primeiro casamento (Caroline, que trabalha na Quatá como auxiliar de produção, e Mayara) e dois do segundo, com Márcia (Esther e Leonardo, que ela já tinha quando se conheceram) e três netos. A esposa também trabalha na Quatá, como analista do laboratório.

 

“Ele dizia: Você tem que trabalhar para ser alguém na vida. Eu agradeço a ele por ter me ensinado isso.”

 

No seu tempo livre, além das atividades relacionadas à igreja, ele gosta muito de reunir filhos e netos em casa para exercitar um de seus hobbies: a culinária. “Sou um ótimo cozinheiro”, ele garante. “Faço um frango caipira que é campeão.”

Ele também é apaixonado por carros. “Quando entrei na Quatá, juntei as economias de oito meses de salário e comprei meu primeiro carro, um Fusca vermelho”, lembra. Desde então, já teve vários. Há dois meses, pegou as chaves do seu mais novo xodó, um Renault Duster 0 km, que ele trata com muito zelo. “O pessoal até zomba de mim de tanto que eu cuido do carro”, ele conta, rindo. “Eu cuido mesmo.”

Quando olha sua vida em perspectiva, da origem humilde às boas condições atuais, Clovis lembra de um conselho muito valioso que recebeu do seu falecido pai. “Ele dizia: ́Você tem que trabalhar para ser alguém na vida ́. Eu agradeço a ele por ter me ensinado isso.”

Clovis com a esposa, Márcia, e os lhos Leonardo e Esther